quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Como se fosse ontem

Kiko, eu, Victor, Fabinho, Rafinha e Gabi.


Depois de duas semanas, voltar como se nada tivesse acontecido (de certa forma, nada aconteceu, ao menos nesse blog, nas últimas duas semanas). E eu apareço assim, sem dar explicação, querendo sua atenção como se o nada que aconteceu fosse tudo que tivesse que acontecer.

A verdade (nessas horas ela é sempre a melhor explicação) é que, há uma semana, não sabia o que escrever. O tempo passou, quando notei era sábado. Então bateu preguiça e resolvi esperar até hoje, duas quartas-feiras depois da última crônica. Como ninguém ligou, mandou e-mail, chorou ou cometeu suicídio, acredito que o mundo passou incólume à minha desídia.

Novamente, diante da tela (preciso contar a verdade), não veio nada, a não ser pensar que voltei duas semanas depois, como se nada tivesse acontecido (de certa forma, nada aconteceu, ao menos nesse blog, nas últimas duas semanas).

Fiquei olhando a tela branca, que de tão parada dava a impressão de se movimentar, primeiro como se tivesse entrado em um túnel claríssimo, depois como se tivesse mergulhado solto no ar e a tela fosse um chão aceso que nunca chegava. Viajando até aparecer um rosto. Indecifrável, no início, mas que logo tomou uma forma conhecida. Tornou-se, por fim, o rosto de um amigo, um grande amigo, e eu compreendi o motivo.

Luiz é um desses caras com quem eu gostaria de encontrar todos os dias, gostaria que morasse no apartamento do lado, gostaria de levar nossos filhos juntos ao futebol. É um sujeito que me conhece tão bem e há tanto tempo (primeiros registros apontam o ano de 1983) que nossas vidas terminaram se tornando uma coisa meio misturada.

Nossas mulheres se adoram, sou padrinho do seu filho, e de casamento. Sua esposa é minha madrinha de casamento. Sua família me acolhe como um filho paralelo, a minha responde da mesma forma. Somos, enfim, o que as pessoas costumam rotular de melhores amigos.

Assim, nos vemos com a frequência de, uma, talvez duas vezes... ao ano.

Ele não mora do outro lado do mundo, nem eu sou um sujeito assim tão ocupado. É que acabamos caminhando, embora paralelamente, em vias separadas.

Por que lembrei disso? Porque sempre que nos encontramos é como se tivéssemos nos encontrado ontem, talvez uma semana antes, mesmo tendo se passado um ano. Não há chateação. Ninguém fica magoado se o outro se esquece de ligar no aniversário (isso nunca acontece, é verdade), ao contrário, estarmos juntos é sempre motivo de festa.

Quando nos despedimos, não existe preocupação, ou tristeza, mesmo sabendo que em um ano, ou seis meses, muita coisa pode acontecer. Tenho sempre a impressão de que o Luiz mora a quatro casas da minha, como na infância, e eu posso tocar a campainha à hora que quiser, pelo motivo que for, nem que seja para jogar conversa fora, mas principalmente para construir uma história real, que isso são os amigos: histórias reais.

Eu sinto saudade e sei que ele também sente, nem por isso cobramos do outro mais do que damos ou recebemos, nem por isso estamos sempre disponíveis, afagando o ego ou realizando as vontades do outro, isso é história real e a nossa é incrível.

E quando nos encontrarmos novamente, sabe-se lá em que circunstância, nos olharemos do mesmo jeito que fazíamos quando íamos jogar bola no campinho (os dois, goleiros), como se nada tivesse acontecido, apesar de tudo o que aconteceu.

2 comentários:

  1. Seu texto me fez sentir saudades dos meus amigos. Como na sua foto, somos seis. Vou encontrá-los no próximo sábado, depois do fim do mundo, dia reservado pelas esposas para o nosso Natal.
    Abraço, Rodolpho

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  2. Lindo Fernando! Deu saudades daquela época!
    Patrícia.

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