domingo, 16 de dezembro de 2012

É hora de dar tchau





Tem uma coisa de Teletubbies nessa zoeira de fim de mundo programado que me agrada. Seria bom se sempre soubéssemos a data exata do fim. Do fim de qualquer coisa.

Preocupa (será?) a possibilidade de na próxima sexta-feira o mundo seguir adiante, mas um bando de malucos sair matando gente por aí, sair engravidando, sair se endividando. Por mais que pensem ser exagero, pode crer, o sábado promete as manchetes mais toscas do milênio. E é disso que eu estava falando no parágrafo anterior, isso que me agrada.

Pensando como loucos, ou irresponsáveis, as pessoas acabam vivendo como deveriam viver. Bom, não sei se como deveriam viver, mas vivem melhor, sem grandes planos, que as coisas boas acontecem quase sempre naturalmente.

Não quero fazer apologia do descompromisso, viver sem grandes planos não significa ser irresponsável. É que eu vejo as pessoas gastando tanto tempo com os planos, pensando no que vai ser quando chegar ao objetivo, que não aproveitam todo o resto, que é na verdade a vida.

E aí, vem de novo aquela ideia do fim do mundo programado, todo mundo fazendo o que der na telha (soube de um caso verdadeiro de empréstimo vultoso fiado no apocalipse), aquilo que reprimia por conveniência ou insegurança, e que explode apoiado na única certeza da semana: o mundo vai acabar.

Ora bolas, a única certeza que temos desde que levamos a palmada na maternidade é a de que o mundo, um dia, vai acabar para nós. Vá lá, talvez seja a novidade do fim coletivo, não vou sozinho, vamos todos lotar o barco. Mas, no fim não faz diferença, um dia ele acaba mesmo, e nós gastamos o tempo sem pensar nisso, fazendo grandes planos, sonhando.

Pense, então, na possibilidade de saber a data exata do término de um namoro, da morte da sua mãe, do dia em que você vai ficar rico, ou pobre. Pense em como seria sua vida se você soubesse o dia exato em que coisas sobre as quais você não tem controle vão acabar, ou começar, ou acontecer. Nas coisas incríveis que faria, no tempo que passaria ao lado da pessoa, no valor que daria a cada momento.

Essa deveria ser sua vida normal.

Não é fácil, eu também não sou assim, e acho que não passarei a ser se o mundo continuar a girar no sábado. Na verdade, essa crônica foi só uma maneira de gastar o tempo fazendo o que mais gosto, vai que...



Minha música favorita de fim de mundo: it´s the end of the world as we know it - R.E.M.

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